terça-feira, 28 de outubro de 2008

Caboclo e Umbanda

Na Umbanda, o caboclo tornou-se um dos vértices do triângulo, pois a Umbanda estrutura-se teologicamente nos Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças. O caboclo aí apresenta-se sob várias modalidades: Caboclos de pena, boiadeiros, baianos, marinheiros, ciganos, e outros de menor importância. Diferentemente do que acontece no Candomblé de angola, o caboclo na Umbanda é uma entidade, que, apesar de ligada a um orixá, trabalha independentemente deste, pois não é seu emissário direto como no Candomblé. Não é porta-voz do Orixá, tampouco traz recados ou recomendações do mesmo. Sua autonomia é de tal monta, que há filhos-de-santo de Umbanda, que se dizem filhos de Caboclo. Os caboclos de pena, os índios, usam às vezes um cocar colorido, às vezes nem isso, dependendo do grau de assimilação do terreiro ao catolicismo, fumam charuto, bebem vinho branco, falam um português arrevessado como se fossem índios, dão gritos como se estivessem na selva, e são especialistas em expulsar as doenças do corpo dos homens, através de baforadas de fumaça e de gestos com as mãos em torno do corpo do consulente. Seus nomes evocam tribos ou guerreiros já nomeados no romantismo, como por exemplo, Caboclo Tupinambá, Caboclo Tapuia, Cabocla Jurema, Cabocla Iracema, Cacique Pena Branca, Cacique Sete Flexas, e outros mais. Na Umbanda, há a presença de Caboclas, o que não acontece no Candomblé de rito Angola, onde não se cultuam entidades caboclas do sexo feminino.
Os demais caboclos, boiadeiros e baianos, falam o portuguuês com um forte acento regional nordestino, bebem, os primeiros cerveja, e os outros, aguardente de cana de açúcar com leite de coco, fumam cigarros de palha e são muito zombeteiros, engraçados, brigões, mulherengos e feiticeiros. São muito requisitados para desmanchar feitiços, arrumar marido para as solteironas, enviar malefícios para os outros. Os marinheiros chegam sempre mareados, cambaleando de um lado para o outro, falando muitos palavrões, sempre se referindo ao mar e ao mundo do marujo. Não existem mulheres marinheiras, nem boiadeiras, algumas baianas. Nos terreiros menos assimilados, vestem-se de boiadeiros, roupas, botas e chapéu de couro, os baianos vestem-se como os cangaceiros do nordeste (grupos de homens armados que atravessavam o sertão nordestino pilhando e saqueando as populações, desafiando o poder centralizado, sendo o mais importante deles o bando de Lampião, cujo chefe, Lampião, foi morto em 1934 e hoje, ele e sua mulher Maria Bonita, apresentam-se como entidades nos terreiros de Umbanda ), e os marinheiros usam a roupa de marinheiro e bebem muita cachaça pura. Quanto aos ciganos, se apresentam como ciganos, e o maior número de entidades é constituído de mulheres, que falam um português meio espanholado, lêem a sorte dos consulentes, vestem-se como ciganas, muitas jóias e adereços, gostam de vinhos finos, tipo champagne, e são muito procuradas para resolver casos de magia amorosa.

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